sábado, 25 de abril de 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A LIGEIREZA DA POLÍTICA É PARA 2010


O momento da vida política do Maranhão é de uma riqueza sem precedentes, onde os dardos foram lançados e todos os atores da cena política se movem com ligeireza.
Grandes consequências hão de vir ao final desse parto. Com efeito, a rearticulação do grupo Sarney, no poder a partir da recondução da senadora Roseana ao Governo do Estado, fortalece a posição política saneista, que sabe como poucos usar a máquina administrativa e política para conseguir seus intentos.
No entanto, a feição conservadora de seu secretariado, construída com base nas velhas figuras políticas de outros carnavais tristes, demonstra que seu governo não apontará nada de novo, nem mesmo para as formas de gerir a oligarquia.
Uma outra banda da política está de quarentena, ou melhor, de volta ao sarcófago para putrefar até ser esquecida.
Antes disso, porém, irá muito lutar para manter os narizes à tona de qualquer jeito. Claro que me refiro aos “sem libertação” ligados ao cassado Jackson Lago do PDT, ao PSDB de Roberto Rocha, ao PSB de José Reinaldo Tavares e ao PT do ultra-sectário Domingos Dutra.
No entanto, a maior lição do desatino da administração cassada é a de que nenhum político, e não importa seu matiz ideológico, deve-se apartar do povo. Outra é que nem tudo em seu nome é permitido fazer. Não é permitido trapacear nas eleições ou depois governar às suas costas, lambuzando de mel a mão dos asseclas de plantão. Portanto, não chamai seu santo nome em vão. Ele costuma virar-se contra tais paladinos.
Aos da esquerda, a hora é da ação. Com método, reflexão e principalmente com o aprendizado do passado para não reeditá-lo agora. As possibilidades são efetivas e não podem ser desperdiçadas. Nesse particular, errou-se quando não se entregaram os cargos na gestão Jackson no instante que seu governo divorciou-se da política dos trabalhadores organizados. Também se errou por não denunciá-lo.
Li há alguns dias nota do PCdoB em que a agremiação se nega a participar do governo Roseana. É uma decisão adequada e esperada para quem vislumbra representar milhares de maranhenses que se encontram órfãos de representação ( afinal as lideranças de antiga oposição maranhense estão todas mortas politicamente ), mas não se deve parar por aí.
Os milhares de votos dados ao deputado Flávio Dino, nas eleições para prefeito de São Luís, em 2008, corroboram essa percepção. Todavia, é necessário gastar muita energia e vencer preconceitos políticos com o objetivo de articular uma aliança com todos os setores que desejam e tenham decência moral para construir conjuntamente uma alternativa produtiva cuja agenda de ações permita desenvolver o Maranhão e dar dignidade à vida de milhões de maranhenses ainda enredados na miséria.
Roseana já está jogando quando atraiu parcela do PT para sua equipe e, claro, o PT de Washington também o está, pois se fortalece para a disputa interna com Dutra e não somente. Cabe perguntar se o preço do desgaste político da decisão valerá a pena. Mas, enfim, estão fazendo política. A governadora tentou marcar outro ponto com a boataria sobre a participação do PCdoB no seu governo. Esse foi seu convite e um sim deixaria parcela significativa de cidadãos sem fala política. Por isso a nota do partido veio em bom tempo e em bom som.
Repito: há um enorme contingente de eleitores que estão na orfandade à espera de liderança para conduzi-los. Afinal, a fila anda e anda ligeira!

terça-feira, 7 de abril de 2009

ADEUS A ANTÔNIO VIEIRA


Para quem o via andando pela cidade ou sobre algum palco, Antônio Vieira passava o semblante de um bom velhinho, carinhoso e meigo. Daqueles que dá vontade de você ficar ouvindo horas a fio e cuidar dele na beleza de sua velhice e simplicidade.
Mas quando se sabe da incrível capacidade que possuía de trabalhar e criar belas canções (e fez aproximadamente quatrocentas delas), via-se logo que se estava na presença de um gigante da música brasileira. Desses que como muitos só tardiamente tiveram bem apreciados seu valor artístico. Não nos deixam mentir Cartola, Germano Mathias, Nelson Sargento, gente a quem Antônio Vieira não devia nada quando o assunto era ser excelente compositor.
Quem quiser tirar a prova dos noves é só ouvir Banho Cheiroso, Tem Quem Queira, Cocada, Na Cabecinha da Dora, O Samba É Bom e mais umas pencas de bons sambas que confirmam o grande quilate e o refinamento da ourivesaria de mestre Antônio Vieira.
Seu primeiro disco solo O Samba é Bom só veio a público em 2001, quando o compositor já exuberava seus 81 anos de idade bem vividos. Antes veio Antoniologia Vieira (2000) com interpretes maranhenses e depois a coletânea Antônio Vieira ao Som dos Ritmos do Maranhão (2003). Já pensou se ele desistisse de compor só por que o tal falado sucesso não lhe batera a porta. O reconhecimento, entretanto, chegou-lhe sem dúvidas antes da morte e até mesmo nesse sentido Antônio Vieira é fonte de inspiração e de ensinamento por sua simplicidade.
Ainda bem que sua obra legada foi catalogada em livro e em registros fonográficos que já pedem reedição imediata para que mais gente conheça suas músicas e assim possa compreender e desfrutar de como fazia poesia de qualquer cena comum, pois tudo que via na vida tinha poesia. Os olhos eram os do poeta e por eles filtrava o bom e o ruim do mundo. Há uma grande humanização no trabalho de Antônio Vieira - dos erros aos regalos, a condição humana está lá cheia de beleza. Está tudo lá como na caymminiana Poema para o Azul em que o mestre nos ensina que o céu é irmão do mar. Poeta onde está agora o verde-azul do mar que o sol aquece as águas e traga as lágrimas no canto do olho da multidão de admiradores órfãos que deixaste por aqui à beira-mar?
*Texto revisto e ampliado em 08/04/2009.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

LOPES BOGÉA: É PRA BALANCAR NO CONGÁ.


Em tempos de balaios alquebrados pela falta de apoio do povo na rua à sua causa, é tempo de saudar o excelente registro pela Saravá Discos do CD Balançou no Congá, que recolhe parte da representativa obra do compositor Lopes Bogéa.
O selo, que pertence a Zeca Baleiro Santos, também já registrou em CD os sambas de Antônio Vieira e com isso presta grande serviço à memória musical de nossa gente. Fica como sugestão também a necessidade de fazer o mesmo com o trabalho de Cristóvão Alô Brasil, compositor que não pode ficar esquecido.
Balançou no Congá revela belos sambas, baiões, xaxados e os arranjos recuperam uma aura de um tempo que já parece perdido no samba que hoje se faz. Mas chama atenção também a atualidade das composições de Lopes Bogéa como fica evidente logo na abertura com a música Balaiei sim. É o compositor que logo reclama... “balaiei, balaiei/ balalei com meu bem/ o arroz fica com os brancos/ pobre só com o xerém” e logo avisa em Mimo Cheiroso “não entra contrário/ que eu cheguei primeiro/ não entra guerreiro/ que o terreiro é meu”. Além desses recados diretos, o disco é cheio de brejeirice, esperteza e lirismo. É Bogéa mesmo que canta várias de suas músicas e ainda pode contar com as participações especiais de Alcione, Beth Carvalho, César Teixeira, Chico Saldanha, Criolina, Genival Lacerda, o maravilhoso Germano Mathias, Josias Sobrinho, Rita Ribeiro, Tião Carvalho e Zeca Baleiro. Cá pra nós, um time pra balaio nenhum botar defeito. Dá vontade de ouvir mais vezes. É bom comprar.