Ontem foi apenas o segundo dia, mas já estou saudando os realizadores do II São Luís Baixo Festival Internacional que foi considerado por Celso Pixinga como o melhor festival de baixo do Brasil. O festival ocorre em São Luis de 16 a 19 de novembro. A entrada é franca nos shows e há uma pequena taxa no master class.
Com produção de Silas Duarte em parceria com a revista Baixo Brasil, o festival cumpre seu objetivo ao reunir grande número de jovens contrabaixistas de todo o País, revelando novos talentos, disseminando a troca de conhecimentos, além da aprendizagem de outros.
Outro resultado direto é que ajuda a mudar a forma de encarar a carreira musical por estes jovens artistas, aumentando-lhes inclusive o grau de profissionalismo e apuro técnico e, é claro também que um evento deste porte tem reflexo ao longo prazo na formação de maior platéia para a música instrumental, o que é mais que louvável, quando se considera o ínfimo espaço que a mídia convencional oferece para divulgação do trabalho dos músicos no Brasil.
Coube a Arthur Maia abrir o festival, ainda no dia 16, com show magistral no teatro o Artur Azevedo para um público entusiasmado. O baixista nos brindou com sua apurada técnica; foi uma apresentação muito alegre e contagiante. Podia-se perceber a satisfação de Maia por estar no festival e em sintonia com o público. Entre outros, fez um tema de Jamil Jones que me deixou com a melodia da música até agora.
A estrutura do evento conta a realização de master class pelas manhãs e shows noturnos; e estão presente artistas do quilate de Arthur Maia, Adriano Giffone, Celso Pixinga (também idealizador do projeto que ocorre em várias cidades brasileiras) e, especialmente na edição de São Luis, com os mestres da Universidade de Berklee e do Bass Institute of Technology, de Los Angeles, os maravilhosos musicistas norte americanos Jim Stinnett, Grant Stinnett e Todd Johnson.
Aliás, a apresentação deles foi de tirar o fôlego. Um jazz primoroso, envolvente na beleza da execução e na comunicação com o público. Jim Stinnett é jazz com corpo todo e parece sempre está feliz no palco. Ontem (18) quem se juntou ao trio foi o baterista maranhense Isaias Alves que atuou de forma sublime. Para nós não foi nenhuma novidade, mas o fato é que Jim Stinnett o elogiou por ser um grande baterista de jazz. Quem sabe venha uma bolsa de Berklee por aí. Seria de grande merecimento.
É interessante ouvir essa moçada executando tantos ritmos e gêneros diferentes. Uma hora o baixo é melódico, noutra é harmônico ou percussivo. Não pude frequentar o master class, que iria só como curioso apenas para acompanhar o desenvolvimento do ensino da técnica já que não sou músico.
Mas uma coisa que definitivamente me comoveu foi verificar que todos os dias um público crescente e entusiasmado com a música comparece ao Centro de Convenções Pedro Neiva de Santana para acompanhar o evento. Estimei o público de ontem em 800 pessoas. E o que comove é o fato da platéia ser formada por um grupo de pessoas muito novas. Bem, a galera ali tem, pelo menos a maioria, entre 15 a 25 anos. Todos se envolvendo com a música de uma forma ou de outra. Mal é que não fará.
Porém, infelizmente, há notas tristes a falar: evento todo pronto, passagens já tiradas, compromissos assumidos e apoios e patrocínios acertados. Eis que a Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão dá pra trás e pula fora do barco, deixando Silas na mão. Ou melhor, correndo como louco para salvar o festival. Por que será que é tão difícil conseguir investidores para os eventos de música instrumental por aqui? Pior é quando isso parte da própria Secretaria de Estado a quem deveria mais interessar a promoção da cultura.
Entretanto, mesmo sem poder contar com parte dos impostos que cada um de nós pagou, estou assistindo a um festival rico em generosidade e talento graça ao grande esforço da equipe de produção. Salve Diórgenes Brasil e Mauro Sérgio por ser incansáveis e dedicados ao instrumento que tanto amam. Não se preocupe Silas o festival é a salvação.
5 comentários:
Valeu, Compadre.
Pena que não pude ir - deve ter sido muito bacana.
E contar com apoio oficial, nesse estado em que a cultura é vista apenas como um cabide de empregos e vaidades, é querer muito.
Que o Diógenes, o Mauro e o Silas, entre outros abnegados incansáveis, consigam manter a chama.
Ano que vem tem mais!!!!
Abração!
Valeu Érico.
O cansaço para eles foi grande, mas valeu a pena. Soube através do blog de Karla Maragno, co-produtora do festival em São Luís, que dois dos contrabaixistas que se apresentaram ganharam convite para participar no Festival de Baixo de New Hempshire.
Então, não é fantástico?! Isso que é o nós chamamos de retorno de investimento.
Um abraço, estou com saudades!
Ainda bem que existem pessoas com disposição para fazer a canoa navegar. Parabéns para o Silas e para os maranhenses que puderam curtir o evento.
Que coisa maravilhosa!
Eventos como esse merecem todo incentivo e apoio.
Salsa e Fig,
Acho que vi uma coisa grandiosa, pouco divulgada, dado o grande trabalho e dificuldade que essa turma teve para organizar o evento. Mas a música que foi tocada nos 4 dias foi grandiosa. Havia muitos e telentosos músicos. De nossas bandas e de lá.
Impressionante a genorosidade dos gringos. Foi magnífico!
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