sábado, 28 de março de 2009

87 ANOS. PARABÉNS AO PCdoB!


Parabéns ao Partido Comunista do Brasil que ontem (27) comemorou 87 anos de história de lutas na defesa do avanço da organização das camadas populares.
1922 foi o ano de fundação do partido e também é o março da Semana de Arte Moderna, em São Paulo. Os dois eventos são relevantes e marcam positivamente a nossa história.
Em São Luís, o evento ocorreu no salão do Hotel São Luís, que estava apinhado de militantes e convidados por todos os lados. Foi um grande sucesso o ato, principalmente, quando se considera a enorme quantidade de água que caiu na cidade a partir da 17 horas. Foi chuva que não acabava mais.
A celebração aproveitou também para comemorar a chegada de centenas de novos filiados, alguns já com destaque na vida política local como Tati Palácio e o ex-candidato a vice-governador pelo PT, Dimas Salustiano. Ambos discursaram em nome dos novos militantes. Bem usaram a palavra lideranças nacionais e o evento foi finalizado com o discurso do deputado Flávio Dino que contextualizou o momento da política maranhense e as ricas possibilidades de mudanças concretas no poder no Maranhão.
Além de demonstrar vitalidade, deu para perceber que a política no campo de esquerda, a frente o PCdoB, está se movendo rapidamente já para o pleito de 2010. Se o objetivo for eleger um bom número de deputados estaduais e federais e quiçá um senador, esse tipo de ação política evidencia as boas possibilidades da esquerda na próxima eleição, mormente se for possível a reedição da aliança com o PT na forma como se viu na eleição municipal passada.

domingo, 22 de março de 2009

A MORTE DE ZÉ COCHICHO


Quando deram a facada fatal, Zé Cochicho fazia frio e logo começou a sair de seu estômago sacripanta um líquido amarelo. Apenas disseram que eram lipídeos, gorduras do que se alimentava pelos últimos dias.
De sobressalto assustei-me. Mas como? Como poderia ser? Gorduras?! Foi um fastio só.
A pergunta voltou de supetão a meus ouvidos. Lembrei do que apontavam ser o tal líquido que derramava de Zé Cochicho. Não poderia ser. Já há três semanas Cochicho não comia, coisa que só o fazia na imaginação quando passava em frente às lanchonetes no centro de São Luís.
Depois do susto sufocador, as coisas voltando ao normal, enquanto Zé Cochicho morria, o líquido pegajoso jorrava fininho, finando. Descobri então que de fato seria aquela poça a grande questão no que se transformara sua patética vida.
Ante a insistência de alguns populares na fixa idéia da gordura, comecei a compreender toda cena pelo cheiro nauseabundo e coloração ocre que não me agradavam. Decerto, aquele líquido era um pouquinho de toda aquela gente que rodeava o corpo inerte na sua insignificância. Morria ali gente muito parecida ao pobre Zé Cochicho.
A gosma era sem dívida o podre da sociedade mesquinha de que Cochicho tanto se orgulhava de pertencer. Pelo fio que escorria podia se notar bem. Ao longo da poça, era visível o último esgar nervoso da mãe que tudo fazia para mostrar-lhe os caminhos. Pôde ser observado também um papel corroído, destroçado, contendo fragmentos de discurso oportunista de político corrupto (amém!); uma das melhores oratórias da República Politiqueta, diziam. Havia, ainda, objetos do cotidiano. Muitos. Nenhum livro, porém. Cochicho não os dava importância. Percebi ao fundo vozes que cresciam em uníssono dizendo: não tens vez... não tens vez!!! Pôde-se ver, ao fechar das luzes (gotas!), o plim-plim eletrônico nacional, símbolo de sua pasteurização massificada.
Cansado, desisti finalmente de observar Zé Cochicho. Mais tarde comentaram que ele na morte mostrara-se feliz. Pasmada em seu rosto, a felicidade passara por ele sem parar e o fio de líquido amarelo fora o único troféu que ganhara da vida.


São Luís, 14 de julho de 1989.

terça-feira, 10 de março de 2009

ANTÔNIO MARIA


Vou dormir com a poesia de Antônio Maria e deixo-a de presente a vocês, leitores.
Espero que gostem.


É preciso amar, sabe?

Ter-se uma mulher a quem se chegue,

como o barco fatigado à sua enseada de retorno.

O corpo lasso e confortável, de noite, pede um cais.

A mulher a quem se chega, exausto,

e, com a força do cansaço,

dá-se o espiritualíssimo amor do corpo.

AS ESQUISITICES DO MARANHÃO


Terra esquisita essa nossa. Depois que já se perderam os anéis e os dedos, sobra incredulidade pra todos os lados.
Primeiro foi o Haroldo Sabóia tentando dar uma de articulista no Jornal Pequeno e revelando mesmo o que todos já sabiam que ele era: um verdadeiro oportunista. Criticar o Aziz para inocentar o Jackson, no afundar do seu desastrado governo, é uma contradição em termos e não convence a ninguém.
A única qualificação para o artigo é revelar a luta interna pelo o avançar no último naco de carne pobre que sobrou dos recursos públicos ou marcar posição para a eleição que se aproxima em 2010.
Depois, aquela do Jackson de que só sai do Palácio dos Leões morto. Alguém deveria avisá-lo de que o que está em jogo não é a honra do povo maranhense. E a dele ficou perdida quando aceitou a compra do mandado da forma como revelou o julgamento do TSE. Não se está dando a mínima para o desconforto do governador. Afinal, o povo não se beneficiou de sua administração. Só os amigos, amigas.... Nesse sentido, sua memória política já está morta.

Quer saber? Mata-se nada. Getúlio Vargas matou-se e pronto; posou de estadista. Não mandou avisar com meses de antecedência. Mas aqui não é nosso caso. Soa mais à chantagem política e nada mais.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O FIM DA NEO-OLIGARQUIA DE JACKSON LAGO


A madrugada de quatro de março de 2009 marca uma data das mais importantes na política maranhense. Determinou o fim do governo do ex-governador Jackson Lago com a cassação de seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirmou o uso político da máquina administrativa, em 2006, pelo então governador José Reinaldo Tavares.
O ilícito ficou evidente e vexatório pela exibição, pelo ministro Eros Grau, em nível nacional, na TV Justiça, de mídia de DVD com imagens de discursos políticos do próprio Jackson e José Reinaldo, na cidade de Codó, quando foi assinado convênio que beneficiou posteriormente sua candidatura.
Os fatos revelados solaparam a imagem de probidade construída ao longo da vida pública por Jackson que agora não terá mas o discurso de acusar Sarney por todos os demandos ocorridos Maranhão.
O que fica patente é que as duas tradições políticas regionais agora têm as mãos enlameadas publicamente por beneficiar-se das torneiras do cofre público, sendo que, no caso de Jackson, tudo foi provado ao vivo e em cores em cadeia nacional.
Encerra-se, assim, um capítulo para os que acreditam que para se vencer na política todos os meios valem. É bom que o exemplo sirva a todas as correntes políticas locais do atraso: da velha oligarquia dos Sarney, aos neo-oligarcas do PDT e PSDB e dos ultras-oportunistas de esquerda capitaneados pelo deputado Domingos Dutra do PT.
Mas, como tudo na vida tem um senão, a decisão do TSE levará Roseana Sarney de volta ao Palácio do Leões, claro, após a apreciação dos embargos declaratórios que serão apresentados pela defesa do ex-governador.
Para quem pensa em decência no trato da coisa pública, por enquanto, será somente a troca de seis por meia dúzia.
Contudo, o julgamento em si impõe uma derrota a todas a essas correntes citadas que, na verdade, sempre apostaram no fracasso dos princípios da democracia no Maranhão e, na ausência desta, mantiveram-se no poder, confundido o bem público como se seu fosse. Isso vale para Sarney, Jackson e os grupos de esquerda do PT do Dutra que amam tanto os cargos do poder.
Espera-se que o resultado da votação faça com que os gatunos botem suas barbas de molho e modifiquem radicalmente a forma de fazer a política; implica também dizer que os métodos oligarcas de vencer eleições já não valem mais e devem ser revogados para o bem da sociedade maranhense, dando espaço para a política que ponha em primeiro plano e relevância o bom uso da res publica.
É o caso também do prefeito João Castelo ficar de sobreaviso, posto que sua recente eleição foi contaminada também pelo uso da tal máquina estadual e da compra de votos e já tem ações contrárias ajuizadas pelo deputado Flávio Dino.
É aqui que a decisão do TSE abre espaço para que se possa dizer e construir uma nova forma de se fazer relações políticas para a qual se espera mais espírito público dos políticos que por aqui são verdadeiros espíritos-de-porcos.
A possibilidade que se abre é o da qualificação do discurso político includente e não elitista que necessariamente deverá estar ombreado a uma prática que contemple o desenvolvimento econômico e social de nossa gente – único caminho de sua redenção.
No Maranhão, já não há validade a prática de se concentrar a renda apenas enriquecendo algumas poucas famílias que frutificou no modelo oligarca implementado pelo grupo do senador Sarney e que foi replicado com algum grau de desconcentração pelo de Jackson Lago desde sua primeira eleição para prefeito de São Luís.
Que políticos habilitam-se a surfar a nova onda? Pois a decisão do TSE apenas ajudou tirar a bruma poluída da cara dos cidadãos maranhenses, encetando-lhes o sentimento de que afinal as coisas por cá podem ir bem.
P.S.: Texto revisado às 19:17 horas para acréscimos e correções ortográficas apresentadas no texto original por erro na digitação.