quarta-feira, 4 de março de 2009

O FIM DA NEO-OLIGARQUIA DE JACKSON LAGO


A madrugada de quatro de março de 2009 marca uma data das mais importantes na política maranhense. Determinou o fim do governo do ex-governador Jackson Lago com a cassação de seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirmou o uso político da máquina administrativa, em 2006, pelo então governador José Reinaldo Tavares.
O ilícito ficou evidente e vexatório pela exibição, pelo ministro Eros Grau, em nível nacional, na TV Justiça, de mídia de DVD com imagens de discursos políticos do próprio Jackson e José Reinaldo, na cidade de Codó, quando foi assinado convênio que beneficiou posteriormente sua candidatura.
Os fatos revelados solaparam a imagem de probidade construída ao longo da vida pública por Jackson que agora não terá mas o discurso de acusar Sarney por todos os demandos ocorridos Maranhão.
O que fica patente é que as duas tradições políticas regionais agora têm as mãos enlameadas publicamente por beneficiar-se das torneiras do cofre público, sendo que, no caso de Jackson, tudo foi provado ao vivo e em cores em cadeia nacional.
Encerra-se, assim, um capítulo para os que acreditam que para se vencer na política todos os meios valem. É bom que o exemplo sirva a todas as correntes políticas locais do atraso: da velha oligarquia dos Sarney, aos neo-oligarcas do PDT e PSDB e dos ultras-oportunistas de esquerda capitaneados pelo deputado Domingos Dutra do PT.
Mas, como tudo na vida tem um senão, a decisão do TSE levará Roseana Sarney de volta ao Palácio do Leões, claro, após a apreciação dos embargos declaratórios que serão apresentados pela defesa do ex-governador.
Para quem pensa em decência no trato da coisa pública, por enquanto, será somente a troca de seis por meia dúzia.
Contudo, o julgamento em si impõe uma derrota a todas a essas correntes citadas que, na verdade, sempre apostaram no fracasso dos princípios da democracia no Maranhão e, na ausência desta, mantiveram-se no poder, confundido o bem público como se seu fosse. Isso vale para Sarney, Jackson e os grupos de esquerda do PT do Dutra que amam tanto os cargos do poder.
Espera-se que o resultado da votação faça com que os gatunos botem suas barbas de molho e modifiquem radicalmente a forma de fazer a política; implica também dizer que os métodos oligarcas de vencer eleições já não valem mais e devem ser revogados para o bem da sociedade maranhense, dando espaço para a política que ponha em primeiro plano e relevância o bom uso da res publica.
É o caso também do prefeito João Castelo ficar de sobreaviso, posto que sua recente eleição foi contaminada também pelo uso da tal máquina estadual e da compra de votos e já tem ações contrárias ajuizadas pelo deputado Flávio Dino.
É aqui que a decisão do TSE abre espaço para que se possa dizer e construir uma nova forma de se fazer relações políticas para a qual se espera mais espírito público dos políticos que por aqui são verdadeiros espíritos-de-porcos.
A possibilidade que se abre é o da qualificação do discurso político includente e não elitista que necessariamente deverá estar ombreado a uma prática que contemple o desenvolvimento econômico e social de nossa gente – único caminho de sua redenção.
No Maranhão, já não há validade a prática de se concentrar a renda apenas enriquecendo algumas poucas famílias que frutificou no modelo oligarca implementado pelo grupo do senador Sarney e que foi replicado com algum grau de desconcentração pelo de Jackson Lago desde sua primeira eleição para prefeito de São Luís.
Que políticos habilitam-se a surfar a nova onda? Pois a decisão do TSE apenas ajudou tirar a bruma poluída da cara dos cidadãos maranhenses, encetando-lhes o sentimento de que afinal as coisas por cá podem ir bem.
P.S.: Texto revisado às 19:17 horas para acréscimos e correções ortográficas apresentadas no texto original por erro na digitação.

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