sábado, 7 de julho de 2007

Minha São Luís


"Minha São Luís ".
Achei relevante o serviço prestado a nossa memória por uma crônica que recebi por e-mail. Afinal, é bom entender tudo sobre Nova Iorque, Londres ou Paris. Saber de seus encantos, mas sem tirar os pés do chão; é bom sentir o cheiro da nossa comida e jamais perdermos os laços pessoais e com nossa cidade. Por isso, a memória vem-me e vou tentar colaborar com o melhor espírito da crônica:
Além de ser a cerveja mais barata, o Rui sempre foi o nosso melhor "dono-de-bar" com seu atendimento inigualável: cerveja gelada comprada na ficha e servida por ele mesmo e todo seu mau humor: sem camisa e com a calça amarrada com cordão ou cinto despedaçado, que deixava o cós da cueca samba-canção branca e muito usada toda de fora.
Ser Ludovicense, pois, é ter vivido ou ter conhecimento de nomes como Taipa, Etc-e-Tal, Bar do Rosa, Ponto de Fuga na Madre Deus, Marçal, PH, Risco de Vida e suas noitadas gloriosas, John Sebastian Bar, Bar da Meninas (sic)... não podem faltar. Que saudades! Taberna Sete, Deusimar nos bons tempos. Dava de tudo. Eu disse dava e não é exagero! Bares de muitas vidas.
Evidentemente, conhecer ou quase morar no Bar do Léo, mergulhando no maior manancial musical da Ilha; saber que restaurante era Hibiscos, peixada era na Adélia no BF e comer caça tinha que ser no Zebrão. É saber que Neguinho, Cabecinha, Bimbinha e Beato são craques e goleadores imemoráveis que ainda povoam nosso imaginário e que Bode Gregório é o MAC (Maranhão Atlético Clube) time do Zeca Baleiro. Conhecer expressões como Samará e Maremoto e saber que se referem a clássicos do nosso futebol. Hein, hein! Hum... hum! O que é pequeno? Te dou-lhe, viu!
Conhecer as belas toadas de Coxinho e as de Humberto; já viu ou andou de bonde nem que sejam os que haviam na UEMA parados: só pra dar um passeio com sua família. Sabe que UEMA era FESM e UFMA era FUM. Sabe o que aconteceu em São Luís em 1979 e a conseqüência imediata disso - o passe escolar, nossa genuína quase-moeda.
Já tomou sorvete na Elefantinho (de juçara e tapioca, claro); comprar roupa legal era na Manchete ou na Arpaso; já fez lanche na Lanchonete da Lobrás, ou no Ferro de Engomar. Lógico, também merendou no abrigo da Praça João Lisboa. Admitiu a palavra "lanche", mas prefere mesmo a merenda.
Chopp era tomado na caneca em qualquer um dos saudosos festivais de chopp e cuja caneca guardava-se, em casa, em cima da geladeira ou numa gloriosa estante na sala com muito orgulho.
Chique era freqüentar as festas no Lítero ou Jaguarema, mesmo que muitas vezes entrasse como penetra. Brincar no Carnaval era sair fantasiado de fofão, passando incógnito pelos amigos.
Onde estão os vendedores de quebra-queixo, raspadinho, refresco, pão-cheio, pirulito? Ainda bem que não acabaram com o cuscus Ideal!
Naturalmente, tem saudade da Rosa Mochel e só pro isso todo ano vai ao Maracanã saborear uma deliciosa juçara com camarão seco e/ou farinha no Festival da Juçara. Adora as letras do Josias Sobrinho e do envocado do César Teixeira. Ama a música Gabriela do Chico Maranhão mesmo que as rádios não a toquem mais, acho que por desconhecimento dos novos DJ's.
E quando vai embora por qualquer motivo, fica morrendo de saudade e sonha com camarão seco e guaraná Jesus. Sonha tudo em cor-de-rosa toda noite até saber que algum conterrâneo vai regressar e haja encomenda de camarão e guaraná Jesus. Depois, quando tudo isso está a sua mão, fica consumindo tudo aos pouquinhos para não acabar.
Sabe que temos nosso Molière e se ufana com o Aldo Leite. Gosta de empinar papagaio e lancear (lá vai...!). Sabe que chucho é uma deliciosa brincadeira da época de chuvas e não o marido da Xuxa. Gosta de comprar carro novo só pra poder ir à São José de Ribamar assistir a uma missa, "batizar o carro" e comer uns peixes-pedras bem fritinhos com farinha d'água e cerveja, e bem mais tarde almoçar no Restaurante Mar e Sol e, após a sesta, ficar se lembrando da loucura que muitos comentem na romaria de São Luís a Ribamar indo "de pés" (sic) Hein hein (a galera fica com cada bolhão nos pés ). Dizem que o santo gosta. Sádico

2 comentários:

Rita Cardoso disse...

Essa é bacanérrima,Celijon...e em mim... distante agora...bateu com mais força...bela crônica,querido!
Beijos...

Unknown disse...

ótimo apnhado, Celi Campelo ! VC foi ao obrigatório da história do cotidiano da ilha. Vamos tentar atualizar a crônica em conjunto.
Abraço acochado !