São Luís.O palco do bar e restaurante Da Gema teve a presença, na sexta-feira (10), do músico francês Nicolas Krassik, Edu Krieger e Marcelo Caldi, além do percussionista maranhense Erinaldo muito elogiado por Krieger e Nicolas. Em noite de casa cheia, o público pôde assistir a uma apresentação primorosa de um músico muito bem ambientado na execução da diversificada música brasileira.
No intervalo da primeira parte e ao final do show, pude conversar Nicolas Krassik, que se demonstrou muito afável, solícito e interessado em falar sobre música e sua carreira. Em meio ao aperreio dos fãs, o artista revelou que, quando estava na França, era músico de jazz, tendo gravado inclusive dois discos, e tocado com Michel Petrucciani, Didier Lockwood e Vincent Courtois. O líder do grupo de que fazia parte, cujo nome não me recordo, era louco por João Bosco e foi de onde surgiu seu encantamento e interesse pela música brasileira. A partir daí, lá mesmo na França, como forma de se aproximar da cultura brasileira, tratou logo de aprender capoeira, e, num mês de fevereiro, resolveu visitar o país em pleno carnaval. Ficou meio desanimado porque só conseguia ouvir samba-enredo por todo lado. Mas não desistiu e o resultado é esse que se pode ouvir nos três discos que o músico já gravou no Brasil, depois que se radicou no Rio, em setembro de 2001.
Na Lapa (2004) é produto do encontro do jazz com a música brasileira e traz uma mistura frenética de ritmos brasileiros, tocando sambas, choros e forró em levadas dançantes. Contou no disco com a participações especiais de João Bosco, Beth Carvalho, Yamandú Costa, Hamilton de Holanda, Carlos Malta, Daniela Spielmann, Chico Chagas, Samuel De Oliveira, Gabriel Grossi, Henrique Cazes, entre outros. Em Caçuá (2006), seu segundo CD, segue o caldeirão brasileiro e reúne gêneros como choro, samba, baião e xote, com arranjos que destacam a sonoridade do quarteto liderado por Nicolas e conta também com Nando Duarte (Violão de 7 cordas), João Hermeto (Percussão) e Fábio Luna (Bateria).
É um verdadeiro passeio de sabedor pelos estilos da nossa música. Krassik toca seu violino com a segurança de quem muito bem conhece o instrumento e dele tira sonoridades que dão novas cores ao choro ou à música nordestina, cujas riquezas melódica e rítmica explora no seu delicioso e sonoro último CD Nicolas Krassik e Cordestinos, onde, em várias passagens, jazz e forró ficam muito próximos e que o músico atinge uma síntese dos gêneros. É uma verdadeira aventura de sons e de unicidade. Faz muito bem à música brasileira ao reintroduzir o violino, um instrumento muito delicado e melindroso. Com Nicolas Krassik a evolução do instrumento de Fafá Lemos e Stéphane Grappelli está a salvo e permanente. Fica evidente, ao ouvi-lo, que a formação de músico de jazz contribui para esse resultado e que lhe permitiu uma apropriação ou uma audição específica da música feita aqui no Brasil que com isso se engrandeceu.
Aliás, o músico mostrou a preocupação com o elemento evolutivo e criativo na música e citou o exemplo do Trio Madeira Brasil, que, em suas reuniões para tocar, permitia-se muita liberdade, gerando uma forma de tocar que ele chamou de “free-choro”. Insistiu na visão de que o choro não deve ser tocado como uma música clássica, que exige que não se afaste da execução na forma de como a peça foi composta. Para ele o choro é muito diferente disso. É vivo e possibilita maior envolvimento e improvisação do músico. É claro que essa renovação, que, além dos músicos indicados, também tem a frente gente da grandeza de um Hamilton de Holanda, é mais que bem-vinda e só fortalece e oxigeniza o choro ao torná-lo atual e também ao permitir que novos ouvintes se interessem pela maravilhosa música que tem como virtuoses, entre outros, músicos da estatura de Jacob do Bandolim e Garoto.
No intervalo da primeira parte e ao final do show, pude conversar Nicolas Krassik, que se demonstrou muito afável, solícito e interessado em falar sobre música e sua carreira. Em meio ao aperreio dos fãs, o artista revelou que, quando estava na França, era músico de jazz, tendo gravado inclusive dois discos, e tocado com Michel Petrucciani, Didier Lockwood e Vincent Courtois. O líder do grupo de que fazia parte, cujo nome não me recordo, era louco por João Bosco e foi de onde surgiu seu encantamento e interesse pela música brasileira. A partir daí, lá mesmo na França, como forma de se aproximar da cultura brasileira, tratou logo de aprender capoeira, e, num mês de fevereiro, resolveu visitar o país em pleno carnaval. Ficou meio desanimado porque só conseguia ouvir samba-enredo por todo lado. Mas não desistiu e o resultado é esse que se pode ouvir nos três discos que o músico já gravou no Brasil, depois que se radicou no Rio, em setembro de 2001.
Na Lapa (2004) é produto do encontro do jazz com a música brasileira e traz uma mistura frenética de ritmos brasileiros, tocando sambas, choros e forró em levadas dançantes. Contou no disco com a participações especiais de João Bosco, Beth Carvalho, Yamandú Costa, Hamilton de Holanda, Carlos Malta, Daniela Spielmann, Chico Chagas, Samuel De Oliveira, Gabriel Grossi, Henrique Cazes, entre outros. Em Caçuá (2006), seu segundo CD, segue o caldeirão brasileiro e reúne gêneros como choro, samba, baião e xote, com arranjos que destacam a sonoridade do quarteto liderado por Nicolas e conta também com Nando Duarte (Violão de 7 cordas), João Hermeto (Percussão) e Fábio Luna (Bateria).
É um verdadeiro passeio de sabedor pelos estilos da nossa música. Krassik toca seu violino com a segurança de quem muito bem conhece o instrumento e dele tira sonoridades que dão novas cores ao choro ou à música nordestina, cujas riquezas melódica e rítmica explora no seu delicioso e sonoro último CD Nicolas Krassik e Cordestinos, onde, em várias passagens, jazz e forró ficam muito próximos e que o músico atinge uma síntese dos gêneros. É uma verdadeira aventura de sons e de unicidade. Faz muito bem à música brasileira ao reintroduzir o violino, um instrumento muito delicado e melindroso. Com Nicolas Krassik a evolução do instrumento de Fafá Lemos e Stéphane Grappelli está a salvo e permanente. Fica evidente, ao ouvi-lo, que a formação de músico de jazz contribui para esse resultado e que lhe permitiu uma apropriação ou uma audição específica da música feita aqui no Brasil que com isso se engrandeceu.
Aliás, o músico mostrou a preocupação com o elemento evolutivo e criativo na música e citou o exemplo do Trio Madeira Brasil, que, em suas reuniões para tocar, permitia-se muita liberdade, gerando uma forma de tocar que ele chamou de “free-choro”. Insistiu na visão de que o choro não deve ser tocado como uma música clássica, que exige que não se afaste da execução na forma de como a peça foi composta. Para ele o choro é muito diferente disso. É vivo e possibilita maior envolvimento e improvisação do músico. É claro que essa renovação, que, além dos músicos indicados, também tem a frente gente da grandeza de um Hamilton de Holanda, é mais que bem-vinda e só fortalece e oxigeniza o choro ao torná-lo atual e também ao permitir que novos ouvintes se interessem pela maravilhosa música que tem como virtuoses, entre outros, músicos da estatura de Jacob do Bandolim e Garoto.
5 comentários:
Celi,
Não pude ir a esse espetáculo maravilhoso. Restou-me ficar a ouvi-lo, no excepcional Na Lapa.
Abração!!!
Beleza!
Eu sabia qe vc ia gostar do cara.
Celijon,
vc etá se tornando um grande crítico musical, naquilo que essa palavra significa de melhor: compreender a música, os gêneros e os movimentos musicais dentro de contextos complexos e contraditórios em que surgem e se desenvolvem. Continue apostando nessa verve e nos abastecendo de bons textos e informações. Acredito que cada abordagem, opção, estilo tem lá seus condicionantes históricos e de vivências de cada um. E nisso o nosso francês violinista tem sua razão. mas também os chorões tradicionalista, as suas. Se não fossem eles que matéria prima teriam os Hamiltons os Nikolás, os Yamandús pra
(re)inventar em cima? Ou por outro lado, indo mais à frente, a saga cega da modernização exacerbada pode corroborar para absoluta deturpação das nossas identidades musicais. Perde-se a substãncia. Acho que nessa seara, todos tem razão. Não se negam. Apenas se complementam. Os tradicionalistas tem o papel de manter as informações, eu diria, dos tempos idos -numa sociedade global, cibernética muito afeita ao novo, ao instantâneo, ao descartável-. Os reinventores de, como vc mesmo falou, de oxigenar, sacudir a poeira, sem negar os produtos que já estavam na prateleira, que não tem vencimento. Daí que eu, embora seja pela renovação, acho que os tradicionalistas cumprem um papel necessário. Servem de mediação entre o novo e o passado. POr isso a importância de um Tinhorão, de um Ariano Suassuna, enfim.
O Nikolás é o Kara. E vc também.
celi,
valeô pela dica...quero ouvir.
talvez seja algum quiprocó com o servidor do podcast, pois tb não está 'rodando', assim como no blog do érico.
abraçsonoros
Queridos
Érico, Fig, Ricarte e Pituco,
Agradeço-lhes os comentários. Os três discos do Krassik merecem ser apreciados.... Desculpem as poucas considerações sobre o que disseram... Estou podendo acessar pouco o blog por esse dias. Depois volto á normalidade e falo mais.
Vou publicar um post do Ricarte sobre o fechamento do Bar do Léo. Comentem e divulguem esse crime contra a cultura.
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