domingo, 7 de dezembro de 2008

ÓCULOS


Dedico à Érico, nesse dia de hoje tão pesaroso, a poesia produzida a quadro mãos numa noite de alegria.



curte o barato de teus óculos
na tua cara
que sem eles nada mais és
que morcego.

ao vestí-lo, já és o ridículo!
são teu anteparo,
tua mediação
com parte fundamental do mundo
e não vês
não te percebes lagartixa
de óculos
óculos!
os óculos, as máscaras...
eu os ponho pra ver vitrines
tiro para não compartilhar
a dor do garoto faminto
do cão vadio.

óculos, pessoas...
lembro do velho e do menino
de óculos
num e noutro o fim
as pessoas sem óculos
as que precisam de binóculos
da distância de vários graus
para perceber o que está ai

quebro os óculos
ando por ruas
que não foram feitas
não sabia que o cinza
pudesse ter tantas cores
distingo pessoas
e vejo a vida colorida
dentro de meu mundo
preto e branco
.


Erico Renato e Celijon

São Luís, 30 de novembro de 1990.

2 comentários:

Anselmo Raposo disse...

Celijon me perdoe se for o caso, mas vou oferecer essa poesia ao meu filho Anselmo Junior que tem 3 graus de miopia.

Celijon Ramos disse...

Claro, Anselmo.
A poesia sempre é para o leitor. Cada um de nós tem uma experIência singular com os versos.
Que bom que gostaste. Tomara que Teu filho,também.
Abraços!